Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade da Virgínia, nos EUA, descobriram um fator determinante para o risco de esclerose múltipla (EM), que pode fazer avançar os esforços para prevenir e tratar melhor a doença.
Os investigadores, liderados por Mariano Garcia-Blanco, líder do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Biologia do Cancro daquela universidade, identificaram uma série de processos nas nossas células que suprimem o risco de desenvolver esclerose múltipla.
E perceberam também que por detrás destes processos se encontra um gene que atua como controlador principal de muitos outros genes importantes para a nossa suscetibilidade à EM e para o bom funcionamento do nosso sistema imunitário.
Para Garcia-Blanco, esta nova compreensão pode ajudar a criar tratamentos melhores e mais direcionados: “Embora existam tratamentos eficazes para a esclerose múltipla e outras doenças autoimunes, a maioria conduz a uma supressão geral do sistema imunitário, tornando os doentes suscetíveis a infeções ou incapazes de responder bem às vacinas”.
Compreender a esclerose múltipla
A esclerose múltipla é uma doença autoimune potencialmente incapacitante, em que o sistema imunitário começa a atacar os revestimentos, em forma de bainha, que protegem os nossos nervos. Danos que interrompem a capacidade de os nervos transmitirem comunicações através do corpo, o que dá origem a sintomas como fraqueza e rigidez muscular, espasmos, fadiga, dormência e dificuldade de movimentos. Calcula-se que a doença afete cerca de três milhões de pessoas em todo o mundo.
O novo trabalho de Garcia-Blanco e dos seus colaboradores lança uma luz importante sobre a forma como o nosso sistema imunitário está calibrado para prevenir a esclerose múltipla e identifica vários pontos-chave onde as coisas podem correr mal. Por exemplo, os investigadores concluem que o gene principal que identificaram, o DDX39B, é um “importante guardião da tolerância imunitária”. Isto significa que ajuda a manter a resposta imunitária do organismo a funcionar a níveis adequados, para que este sistema não comece a atacar as células do próprio corpo – como acontece na EM e noutras doenças autoimunes.
Estes novos conhecimentos sobre a forma como o sistema imunitário funciona, ou deveria funcionar, ajudam os médicos e os cientistas a compreender melhor as causas subjacentes à esclerose múltipla e proporcionam-lhes alvos atrativos nos seus esforços para desenvolver novos tratamentos e medidas preventivas.