Esclerose Múltipla e alimentação

Está provado – são inúmeros os estudos científicos sobre o assunto – que o estilo de vida saudável pode ajudar a controlar a progressão da doença, nomeadamente através de uma alimentação saudável, prática de exercício físico e gestão do stress.

Vários estudos têm sugerido que a alimentação é um fator ambiental importante com impacto na EM. Pensa-se que alterações da dieta possam melhorar a EM ao reduzirem a inflamação e promoverem a neuroproteção.

De facto, várias dietas foram estudadas nesta doença, tais como a dieta de Swank, dieta paleolítica, dieta mediterrânica, dieta de McDougall, restrição calórica e jejum intermitente. Contudo, não existe evidência suficiente para recomendar uma dieta específica ou suplemento dietético para as pessoas com EM que possa ter um impacto significativo na evolução da doença.

Vários estudos têm, porém, sugerido que algumas modificações da dieta podem promover a saúde em geral e associar-se a melhoria de sintomas (como a fadiga ou medidas de qualidade de vida) reportada por pessoas com Esclerose Múltipla. Essas modificações incluem a redução do consumo de produtos animais, gorduras saturadas, sal e comidas processadas, preferência pelo consumo de cereais integrais e aumento do consumo de legumes, vegetais e frutas.

Para muitas pessoas com Esclerose Múltipla, a dieta pode oferecer uma sensação de controlo quando se vive com uma doença crónica que é frequentemente imprevisível. Os tratamentos convencionais são muitas vezes apenas parcialmente eficazes e uma boa dieta faz parte de uma autogestão ativa. Após o diagnóstico de EM, pode sentir que um estilo de vida saudável e o bem-estar são prioritários para si.

Uma dieta adequada pode ajudar a gerir alguns sintomas, como a obstipação. Por outro lado, uma má alimentação pode aumentar o risco de outras doenças, como doenças cardiovasculares e osteoporose. Se a mobilidade estiver prejudicada pela Esclerose Múltipla, estas doenças podem ser mais frequentes.

Muitas pessoas com EM têm encontrado benefícios em mudar para uma dieta saudável, através de pequenas alterações ou mesmo revisões radicais. A melhor forma de mudar a sua dieta é simplesmente experimentar. Ingredientes caros ou suplementos vitamínicos raramente são necessários e vai ser mais fácil seguir uma dieta se for fácil para si encontrar os ingredientes e se souber prepará-los! Discuta os seus planos com um nutricionista, médico ou enfermeiro e tenha cuidado para não deixar de fora os nutrientes essenciais.

  • O consumo de proteínas deve ser de cerca de 50g a 80g por dia. É aconselhável obter a maior parte destas proteínas a partir de proteína vegetal de alto valor, como o tofu, ou em combinações saborosas de proteína, por exemplo, leite de arroz e muesli;
  • Reduza os alimentos animais para duas ou três vezes por semana, dando-se preferência à carne magra ou peixe;
  • Reduza o consumo de gorduras saturadas, sólidas, de fabrico industrial e de gordura animal;
  • Consuma um máximo de quatro a dez colheres de chá (20g a 50g) de óleo que contenha um elevado número de ácidos gordos polinsaturados, como o óleo de gérmen de trigo ou de linhaça. Estes fornecerão uma quantidade suficiente de ácidos gordos polissaturados;
  • Reduza o consumo de açúcar e de sal;
  • Aumente o consumo de fibra, através da ingestão de mais fruta, vegetais e saladas.

Referências Bibliográficas:

  1. Dehghan M, Ghaedi-Heidari F. Environmental Risk Factors for Multiple Sclerosis: A Case-control Study in Kerman, Iran. Iran J Nurs Midwifery Res. 2018;23(6):431–436.
  2. Jelinek GA, De Livera AM, Marck CH, et al. Lifestyle, medication and socio-demographic determinants of mental and physical health-related quality of life in people with multiple sclerosis. BMC Neurol. 2016;16(1):235. Published 2016 Nov 22. doi:10.1186/s12883-016-0763-4
  3. Geidl W1, Gobster C2, Streber R2, Pfeifer K2. A systematic critical review of physical activity aspects in clinical guidelines for multiple sclerosis. Mult Scler Relat Disord. 2018 Oct;25:200-207. doi: 10.1016/j.msard.2018.07.039. Epub 2018 Aug
  4. Negaresh R, et al; Effects of exercise training on cytokines and adipokines in multiple Sclerosis: A systematic review. Mult Scler Relat Disord. 2018 Aug;24:91-100. doi: 10.1016/j.msard.2018.06.008. Epub 2018 Jun 28.
  5. Sharif K.; et al. The role of stress in the mosaic of autoimmunity: An overlooked association. Autoimmun Rev. 2018 Oct;17(10):967-983. doi: 10.1016/j.autrev.2018.04.005. Epub 2018 Aug 14.
  6. Evans E et al. An overview of the current state of evidence for the role of specific diets in multiple sclerosis. Mult Scler Relat Disord. 2019 Sep 9;36:101393
  7. MS Trust (https://www.mstrust.org.uk/life-ms/diet/healthy-eating)
  8. Environmental Risk Factors for Multiple Sclerosis: A Case-control Study in Kerman, Iran, Iran J Nurs, Midwifery Res. 2018; 23(6):431-436

PT/NONNI/1219/0097, aprovado em 12/2019

Embora existam muitas teorias sobre a alimentação para os doentes com esclerose múltipla, a verdade é que a maioria das dietas não tem evidência fundamentada sobre os seus benefícios e, por isso, deve prevalecer o bom-senso e privilegiar-se o aconselhamento profissional.

Uma alimentação equilibrada é fundamental para a manutenção do bem-estar, seja numa pessoa saudável ou com esclerose múltipla. Por isso, os especialistas recomendam que as pessoas com Esclerose Múltipla sigam as mesmas recomendações de dieta que a população em geral, com baixo teor de gordura e rica em fibras.

Relativamente à vitamina D, evidências crescentes sugerem que esta pode desempenhar um papel importante na esclerose múltipla.

Baixos níveis desta vitamina foram identificados como um fator de risco para o desenvolvimento da esclerose múltipla. Além disso, investigações concluíram que as pessoas com esclerose múltipla com défice acentuado de vitamina D poderão ter uma doença mais agressiva.

Por outro lado, e embora não seja totalmente conhecido o papel da suplementação de vitamina D na redução da atividade da doença, investigações recentes sugerem que esta pode ter efeitos importantes no sistema imunológico e que pode ajudar a regular o crescimento e a diferenciação celular.

De qualquer forma, a prática mais comum é a de dosear a vitamina D e corrigir os seus níveis quando estão baixos, através da suplementação.

As recomendações atuais indicam que a dose diária recomendada de suplementação para adultos é de 600 unidades internacionais (UI) de vitamina D por dia. Essa quantidade aumenta para 800 UI no caso de pessoas com mais de 70 anos de idade. Por vezes poderá ser necessário doses acima de 4.000 UI por dia em pessoas com deficiência de vitamina D. Já a dose de manutenção sugerida a ser considerada em doentes com esclerose múltipla é de 2.000 a 5.000 UI diárias.

Referências Bibliográficas:

1 – Michael F. Holick, et al., Vitamin D Deficiency and Possible Role in Multiple Sclerosis, Rev Bras Reumatol., 2010 Jan-Feb;50(1):67-80. Review. English, Portuguese (http://doi.org/10.17925/ENR.2015.10.02.131).