De facto, em determinadas circunstâncias, alguns sintomas da patologia como a fadiga, a espasticidade ou a incontinência urinária poderão perturbar a intimidade. Nos homens podem também surgir problemas de ereção. Em todos estes casos, é importante ser franco/a com o parceiro/a e falar sobre quaisquer questões que possam surgir.
Além do diálogo constante, é também aconselhável que consulte um médico, seja de clínica geral, um neurologista, um ginecologista ou um urologista.
Efetivamente, o urologista pode prescrever auxiliares mecânicos e medicamentos específicos para tratar as dificuldades de ereção. A consulta a um psicólogo ou psiquiatra pode também ser benéfico para conseguir lidar melhor psicologicamente com a limitação. Por outro lado, o ginecologista pode recomendar o uso de gel ou creme vaginal no caso das mulheres com secura vaginal. Igualmente, a espasticidade pode ser reduzida com medicação adequada.
Planear os momentos íntimos para horas de maior energia e explorar novas formas de intimidade poderá ser também uma boa estratégia.
1 – Livro “O ABC da Esclerose Múltipla”, de Catarina Fernandes, Celena Veloso Daniela Leal e Maria José Carvalho.
Apesar de ainda existir uma enorme falta de informação sobre o assunto, hoje sabe-se que a Esclerose Múltipla (EM), seja no sexo masculino ou feminino, não tem impacto na capacidade de reprodução, conceção e de levar a termo uma gravidez. Ou seja, a fertilidade não está diminuída pela doença.1 Além disso, estudos demonstram que a fertilidade também não é afetada pela evolução da doença ou tratamentos e que não existe aumento de risco de abortos espontâneos, cesarianas, partos prematuros ou anomalias de desenvolvimento, pela doença em si.2
Este conhecimento é muito importante, uma vez que a falta de informação pode ter impacto na decisão de engravidar e sabemos que as doentes em idade fértil, especialmente as mulheres que nunca tiveram filhos, constituem uma grande parcela da população seguida nas consultas de EM. Aliás, nas últimas duas décadas, a diminuição da idade à data do diagnóstico (seja pela maior acessibilidade aos cuidados de saúde e exames ou pela evolução dos critérios de diagnóstico) e o aumento da idade à primeira gravidez têm contribuído para o aumento do número de doentes com estas características.
1 – Roux T, Courtillot C, Debs R, Touraine P, Lubetzki C, Papeix C. Fecundity in women with multiple sclerosis: an observational mono-centric study. J Neurol. 2015;262:957-60;
2 – Ramagopalan SV, Guimond C, Criscuoli M, Dyment DA, Orton SM, Yee IM, et al. Congenital abnormalities and multiple sclerosis. BMC Neurol. 2010;10:115.
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