Tipologia da Esclerose Múltipla

A tipologia da Esclerose Múltipla é definida segundo a forma como a doença evolui ao longo dos anos, sendo os seguintes tipos os mais frequentes:

Esclerose Múltipla Surto Remissão (EMSR)

A EM Surto Remissão é a forma mais comum da doença, caraterizada por períodos de surtos, geralmente, com recuperação ao estado basal ou normal (estado de «remissão»). Os surtos são um dos sinais distintivos da patologia e são normalmente episódios agudos de manifestações de um ou mais sintomas novos, ou o agravamento de um sintoma já existente, com uma duração sempre superior a 24 horas.

Durante um surto, de uma maneira geral, os sintomas desenvolvem-se no decorrer de alguns dias, permanecendo constantes durante três ou quatro semanas, desaparecendo depois em cerca de um mês. Durante este período é possível a recuperação total ou parcial dos sintomas experimentados. Para se considerarem dois surtos distintos, num curto espaço de tempo, é necessário que entre o início de ambos exista um intervalo de 30 dias.

Cerca de 85% das pessoas com EM têm inicialmente o diagnóstico de EMSR. Em algumas pessoas com EMSR, o curso da doença torna-se progressivo, ou seja, passados alguns anos poderão evoluir para Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP).

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Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP)

A EM Secundária Progressiva, antes apelidada de Esclerose Múltipla Progressiva Crónica, pode desenvolver-se após uma fase inicial de surto-remissão com duração variável (geralmente superior a 10 anos). Algumas pessoas com EMSP ainda apresentam surtos, mas, nesta fase, a recuperação dos sintomas experimentados no decorrer do surto já não é total em muitos dos casos e, com o tempo, estes passam por um aumento gradual e contínuo dos sintomas e do nível de incapacidade.

A EMSP desenvolve-se de forma diferente em cada pessoa: enquanto algumas sentem que a sua incapacidade se acumula de forma muito lenta, outras poderão notar uma evolução mais rápida.

Ao longo do tempo, a EMSP pode ser classificada em “ativa” (quando existe um surto ou lesões novas na ressonância magnética) ou “não ativa”. Pode ainda ser diferenciada em “com progressão” (com evidência de agravamento progressivo dos sintomas) ou “sem progressão” (durante uma fase de estabilidade).

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Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP)

Na EM Primária Progressiva, os sintomas agravam-se de forma gradual e progressiva desde o início do diagnóstico. A incapacidade evolui gradualmente, contudo a EMPP comporta-se de forma diferente em cada pessoa, podendo estabilizar em determinada altura ou continuar a agravar-se durante meses ou anos. Numa minoria dos casos, podem ocasionalmente existir surtos.

Assim, ao longo do seu curso, a EMPP pode ser classificada em “ativa” (com um surto ocasional ou lesões novas na ressonância magnética) ou “não ativa”. Pode ainda ser diferenciada em “com progressão” (com evidência de agravamento progressivo de incapacidade) ou “sem progressão” (durante um período de estabilidade).

Cerca de 15% das pessoas com EM têm EMPP. Esta surge normalmente numa idade mais avançada, afetando normalmente pessoas com 40 anos ou mais, ocorrendo menos frequentemente em idades inferiores.

Tem também a mesma probabilidade de ocorrência em homens e mulheres, sendo o prognóstico geralmente pior do que para outros tipos.

Síndrome Clínico Isolado

O síndrome clínico isolado (CIS, do inglês “clinically isolated syndrome”) corresponde ao primeiro episódio de sintomas neurológicos associado a uma lesão inflamatória e desmielinizante do sistema nervoso central, ou seja, ao primeiro surto. Assim, no CIS os sintomas têm duração superior a 24h, instalam-se tipicamente ao longo de dias e tendem a melhorar progressivamente ao longo de um período de cerca de um mês.

Uma pessoa com CIS que apresenta na ressonância magnética (RM) lesões semelhantes às que são observadas na EM tem uma probabilidade significativa de vir a ter um segundo surto. Quando o CIS não se acompanha de outras lesões na RM, a probabilidade de desenvolver EM será significativamente inferior.

Alguns doentes com CIS poderão já cumprir critérios de diagnóstico de EM se apresentarem determinadas caraterísticas na ressonância magnética e na punção lombar.

Referências Bibliográficas:

1 – Livro “O ABC da Esclerose Múltipla”, de Catarina Fernandes, Celena Veloso Daniela Leal e Maria José Carvalho Celena

2 – Lublin F.D. et al. Defining the clinical course of multiple sclerosis. The 2013 revisions. Neurology 2014

3 – National Multiple Sclerosis Society website (nationalmssociety.org)