O diagnóstico de esclerose múltipla pode mudar muitas coisas na vida, mas não elimina automaticamente o desejo de descobrir praias tropicais, montanhas nevadas ou cidades históricas. O verdadeiro obstáculo não é, muitas vezes, a doença em si, mas sim as dúvidas, receios e incertezas que traz consigo: ‘E se tiver um surto longe de casa?’, ‘E se precisar de ajuda médica num país estrangeiro?’. Preocupações que são compreensíveis, mas não são intransponíveis. Com as ferramentas certas e um bom planeamento, o mundo continua disponível para ser descoberto.
A verdade é simples: as pessoas com esclerose múltipla podem viajar para qualquer parte do mundo. Mesmo aquelas que apresentam mobilidade limitada podem explorar novos destinos; o segredo está em dedicar um pouco mais de atenção ao planeamento.
É importante compreender que fatores como stress, calor ou fadiga podem desencadear um pseudo-surto – um agravamento temporário dos sintomas que simula um surto, mas que na realidade é causado por condições externas. A boa notícia? Estes episódios são evitáveis e reversíveis. No caso de infeções, o tratamento adequado resolve o problema; quanto ao calor, estratégias simples de arrefecimento podem prevenir o surgimento de sintomas.
Antes de partir, uma conversa franca com o seu médico é essencial. Juntos, podem elaborar um plano personalizado que inclua estratégias para reduzir o risco de surto durante a viagem e, caso necessário, um protocolo de ação para lidar com um eventual surto.
Além da orientação médica, não se esqueça de seguir todas as recomendações de viagem oficiais: consulte os avisos de saúde para o seu destino e informe-se sobre os requisitos de vacinação de diferentes países
Para tornar a sua viagem mais tranquila e segura:
– Obtenha um atestado médico sobre medicamentos e quaisquer outras necessidades especiais que tenha;
– Ligue com antecedência para solicitar assistência no aeroporto ou na estação de comboios, se necessário;
– Leve medicamentos extra na bagagem de mão, se possível;
– Compreenda os potenciais riscos para a saúde no destino e as proteções a adotar.
O destino de férias ideal
A questão da acessibilidade é, para muitas pessoas com esclerose múltipla, essencial. E aquilo que é apregoado online nem sempre se confirma fora do mundo virtual, pelo que se deve ter alguma cautela com as alegações feitas. Afinal, de nada serve ter um duche amplo ou uma casa de banho acessível se a cadeira de rodas não conseguir passar pela porta. Porque mais vale prevenir, o melhor mesmo é confirmar com o alojamento antes de fazer uma reserva.
A existência de ar condicionado, sobretudo nos meses e nos destinos mais quentes, é outros dos pontos que deve ser tido em conta.
Há ainda a questão da vacinação. A maioria das pessoas com esclerose múltipla pode levar todas as vacinas necessárias para viagens ao estrangeiro, mas também aqui a conversa com o seu médico é fundamental, devendo certificar-se que esclarece com ele todas as questões antes de levar qualquer vacina.
Há também a ter em conta o transporte da medicação, que pode ser proibido em alguns países, pelo que antes de qualquer viagem para fora devem verificar-se as regras, mesmo que esteja apenas de passagem por algum destino. Em qualquer caso, os medicamentos devem ser mantidos na embalagem original, deve ter uma cópia da receita médica e, a não ser que as regras da companhia aérea indiquem o contrário, mantê-los na bagagem de mão.
Lembre-se: viajar com esclerose múltipla não é sobre limitações, mas sobre uma adaptação inteligente. Com preparação adequada, pode continuar a criar as memórias com que sempre sonhou.
Fontes: https://www.nationalmssociety.org