Novas descobertas sobre o vínculo entre o vírus Epstein-Barr e a esclerose múltipla

O vírus Epstein-Barr (EBV) é um tipo de vírus do herpes muito comum. De tal forma, que infeta nove em cada dez adultos ao longo das suas vidas. Por norma, não causa sintomas, ainda que em algumas pessoas possa provocar mononucleose infecciosa. E o que é que este vírus tem a ver com a esclerose múltipla? São cada vez mais os estudos sobre o tema e os especialistas que acreditam que é um dos responsáveis pela doença. Agora, um novo trabalho de investigação defende que uma combinação de certos anticorpos virais e de fatores de risco genéticos pode estar associada a um risco muito maior de desenvolver a doença.

Sabe-se que o EBV infeta sobretudo células do nosso sistema imunitário, escondendo-se e permanecendo adormecido nos nossos corpos ao longo da vida. E sabe-se também que todas as pessoas com esclerose múltipla são portadoras do EBV, isto apesar de os mecanismos por detrás desta associação não serem ainda totalmente compreendidos.

Uma das hipóteses é que a infeção por vírus como o EBV seja responsável por causar uma resposta que ativa as células imunitárias e conduz a uma cascata, que origina a esclerose múltipla, mas apenas em algumas pessoas, resultado da sua genética.

Há também a possibilidade de, após uma infeção viral, as células imunitárias se recordarem da aparência do vírus para o atacar novamente, confundindo a mielina, proteína que envolve as células nervosas (neurónios) e é lesada na esclerose múltipla, com o EBV. Isto porque, segundo a investigação feita, partes da mielina são semelhantes a partes do vírus EBV.

O novo estudo, publicado na revista PNAS e liderado por investigadores do Instituto Karolinska, na Suécia, e da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, nos EUA, confirma que os anticorpos para uma proteína do EBV, a EBNA1, podem reagir inadvertidamente com uma proteína semelhante no cérebro, a GlialCAM, o que provavelmente contribui para o desenvolvimento da esclerose múltipla.

O novo estudo mostra ainda como diferentes combinações de anticorpos e fatores de risco genéticos contribuem para o aumento do risco.

E porque são importantes estudos como este? Porque, de acordo com Tomas Olsson, professor de neurologia no Departamento de Neurociência Clínica do Instituto Karolinska, que liderou a pesquisa, “uma melhor compreensão destes mecanismos pode, em última análise, levar a melhores ferramentas de diagnóstico e tratamentos para esclerose múltipla”.

As descobertas agora feitas, acrescenta Lawrence Steinman, professor de neurologia na Stanford Medicine, “fornecem outra peça do quebra-cabeça que aumenta a nossa compreensão sobre como fatores genéticos e imunológicos interagem na doença”.

 

Fontes: https://news.ki.se/genes-combined-with-immune-response-to-epstein-barr-virus-increase-ms-risk

https://www.mssociety.org.uk/research/explore-our-research/emerging-research-and-treatments/viruses-and-ms/epstein-barr

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